quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Momentos de orfandade

Ester 4,17 (14, 1.3-5 .12-14) –

A Rainha Ester, ameaçada de morte, buscou refúgio no Senhor e desabafou a sua amargura confiando em que sua oração seria atendida. 



Há momentos na nossa vida em que também nos encontramos em situações de verdadeira orfandade e nos sentimos sós. 
São tempos de deserto, de humilhação, de incapacidade, de impotência. 
Ester, então, representa para nós todo homem e toda mulher que se sente órfão (ã) no mundo, sujeitos às injustiças e à maldade, mas que confia no Senhor. 

Sentimo-nos na orfandade quando os inimigos nos atacam e eles estão muitas vezes dentro de nós mesmos (as): o medo, a revolta, a ira, a inveja, o ressentimento, as feridas da nossa vida, das quais nem temos conhecimento. 
Somos muitas vezes responsáveis pelas coisas que acontecem erradamente. O que dá errado pode ser o que não compreendemos e que foge aos nossos padrões certinhos. 

Só o Senhor poderá nos alinhar no caminho certo
Quando suplicamos o Seu auxílio, Ele nos coloca na boca um discurso atraente, para enfrentar os “leões” que nos apavoram, através da Sua Palavra, dos Seus ensinamentos, do Seu Evangelho. 

Ao invés, então de seguirmos a cartilha do mundo nós aprendemos na Cartilha de Deus que é o Livro da Vida e os nossos inimigos vão caindo e o nosso luto se transforma em alegria. 

 - Você reconhece a sua orfandade, sua limitação? 
Quem poderá ajudá-lo (a)? 
– Você ainda se sente na orfandade? 
– O que você faz quando tem que enfrentar “os leões” da vida? 
– Faça você também como Ester a sua oração ao Senhor. Ele é o Rei que irá escutá-lo (a).

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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

CHEGARAM OS DIAS DE PENITÊNCIA


Chegaram os dias da penitência!

Este é um tempo favorável para podermos procurar dentro de nós a vontade de Deus e aferirmos como vivemos a Fé que afirmamos professar.
Entremos dentro de nós e peçamos que a nossa consciência seja iluminada pelo Espírito Santo.
Não queiramos ser nós a “aconselhar” a nossa consciência, mas deixemos que seja ela, “livre das nossas certezas”, a aconselhar-nos, mostrando-nos o caminho da vontade de Deus.
Temos tantas certezas! Temos tantas convicções! Temos tanto convencimento de que nos conhecemos!
E afinal, caímos, voltamos a cair, procurando na nossa vontade a vontade de Deus.

Chegaram os dias da penitência!

Não a penitência como um castigo ou uma tristeza inabalável, mas a penitência que nos afirma que Deus está connosco e nos quer revelar em cada momento a sua vontade para a vida que nos deu.
Se nos vestimos de saco, se colocamos cinzas na cabeça, façamo-lo com o sorriso sereno, provocado pela tranquila alegria de sabermos que Ele já nos salvou.
Lembremo-nos sempre que a vontade de Deus é a nossa felicidade.

Chegaram os dias da penitência!

Não queiramos mudar tudo de uma só vez.
Não comecemos pelas faltas grandes, porque dessas temos nós consciência plena de que as devemos mudar.
Comecemos antes pelas mais pequenas, aquelas que nos perseguem todos os dias, aquelas que mais vezes repetimos na Confissão, aquelas em que caímos já tão rotineiramente, que delas só nos apercebemos quando chega o tempo do exame de consciência.
E lembremo-nos que sozinhos nada somos, sozinhos nada conseguimos, só com Ele, no amor do Pai, iluminados pelo Espírito Santo, em Igreja, conseguiremos mudar o que precisa ser mudado, primeiro em nós, e depois dando testemunho no dia a dia, nos outros também.
E se mudarmos o “pequeno”, então o “grande” será mudado também!

Chegaram os dias da penitência!

Louvado seja o Senhor!

Joaquim Mexia Alves

O camponês e o burro


Era uma vez um camponês que tinha um burro. Um dia o animal caiu acidentalmente num poço e não conseguia sair de lá. O camponês tentou várias vezes libertar o burro, mas não era possível. Pediu ajuda a uns amigos, mas mesmo assim não conseguiram nada. Ao fim de vários dias desistiu. O poço estava seco, o burro estava velho e a única solução era enterrá-lo lá.


Pegou numa pá e começou a deitar terra no poço. O burro ficou desesperado ao aperceber-se do que estava a acontecer. Começou a zurrar cheio de amargura. Fazia dó ao camponês, mas ele não via outra solução. Até que num momento determinado deixou de ouvir o animal. Aproximou-se com temor da boca do poço para contemplar o cemitério. Com espanto viu algo insólito. Cada vez que o burro recebia a terra em cima, sacudia-a com decisão e pisava sobre ela. Com esta operação, na qual estava profundamente concentrado, já tinha subido mais de um metro dentro do poço. O camponês sorriu. Continuou a deitar terra e em pouco tempo o burro estava cá fora.


Todos nós temos dificuldades na vida. A diferença está no modo como reagimos diante delas. Existem pessoas que passam a existência a queixar-se, deixando-se soterrar pelas contrariedades. São pessimistas por natureza. Olham com ironia para aqueles que parecem felizes. Pensam que são ingénuos, doidos, que ainda não descobriram que esta vida não tem nenhum sentido. Não respeitam nada. Para eles não há nada que seja sagrado. Tudo se pode banalizar, ridicularizar, porque nada tem sentido. E se tem, não pensam dedicar nem cinco minutos a pensar nele. Talvez tivessem que mudar de vida, de atitude. Isso exige esforço e dá trabalho. Nada vale a pena, porque a alma é pequena.


Um cristão sabe que isso não é verdade. Sabe que foi criado por Deus por amor e que está chamado a viver com Ele para sempre na eternidade. Sabe que a sua vida tem um sentido e que as dificuldades que lhe surgem também. Tem uma profunda confiança em Deus e não duvida que, como diz São Paulo, “tudo é para bem” (Rom 8, 28). Esta certeza fá-lo encarar as contrariedades como aquilo que são: uma oportunidade para crescer. Crescer no amor a Deus e crescer no amor ao próximo. Por isso, quando as dificuldades aparecem, sacode-as de cima com oração, esforço e optimismo. Também com a serenidade de quem sabe que a felicidade em plenitude não pode ser alcançada nesta vida. Está reservada para a futura.


E depois pisa essas dificuldades e assim robustece a sua fé e aproxima-se mais da vida que não terá fim. Diante das contradições não perde a paz, porque sabe que tudo procede do amor. Tudo está ordenado à salvação do homem, e Deus, que é Amor, não permite nada que não seja com essa finalidade.


Pe. Rodrigo Lynce de Faria

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Quaresma



Na quaresma nós intensificamos essas oportunidades que Deus tem de entrar na nossa vida, de agir no nosso coração,de mudar o nosso jeito de ser.

Você pode ter certeza que muita coisa vai ficar melhor na sua vida à medida que você permitir que Deus seja em você. Pode observar...

Geralmente os nossos sofrimentos nascem de regiões da nossa vida e do nosso coração, onde Deus está ausente. Porque se Deus não preenche o espaço,nós vamos dar um jeito de preencher com aquilo que é humano, com aquilo que é frágil.

Geralmente aquilo que é humano e frágil, não nos sustenta durante muito tempo. Agora aquilo que é humano e frágil mas está sobre o comando de Deus, este vai durar. Porquê??

...a benção e a Graça de Deus nos sustenta nesta hora.

Eu continuo tendo todos os pecados do mundo, todos os limites do mundo; e

você também. Mas, a certeza que nós não nos perdemos de Deus é que nos dá garantia para a gente não deixar de continuar.

E a quaresma é esse tempo especial que a Igreja nos chama, nos abre os olhos, para aquilo que nós estamos deixando de lado.

É sempre bom a gente tomar consciência daquilo que nós estamos esquecendo da nossa vida cristã para que a gente possa reassumir. Reassumir estes compromissos com Deus é dar a ele a oportunidade de continuar agindo e trabalhando em nós.

Pe Fábio de Melo

domingo, 15 de fevereiro de 2015

As provações



As dificuldades e os sofrimentos da vida são, em geral, os motivos que levam as pessoas a procurarem uma direção espiritual. Ao sacerdote cabe iluminar com a luz do Evangelho essas situações tão delicadas, procurando dar um sentido para elas.

O famoso terapeuta Viktor Frankl, fundador da Logoterapia, afirmava que o sentido das coisas era fundamental para que se alcance o equilíbrio psíquico e, para isso, citava o filósofo ateu Friedrich Nietzsche que dizia que “o ser humano é capaz de suportar qualquer como, desde que tenha umporquê".

Sendo assim, é preciso antes de mais nada, entender o significa a provação. Em grego, πειρασμός (peirasmos), é traduzida de duas maneiras: tentação e provação. Ambas possuem o mesmo conteúdo semântico, mas, ao longo do tempo, houve uma diferenciação técnica entre elas. A tentação é usada quando o sujeito é o Diabo, e provação quando o sujeito é Deus. Houve uma mudança de finalidade, como se vê.

O Diabo só tem um objetivo, pelo qual não descansa: fazer com o homem perca a sua alma. Logo, quando o sofrimento tem origem demoníaca, a finalidade é sempre essa: levar o homem para o fogo do inferno, para a morte eterna. Nesse viés, nem sempre é interessante para o Diabo tentar o homem pelo sofrimento, mais fácil é mantê-lo no conforto, usufruindo das benesses da vida material, pois assim estará dando sozinho passos largos rumo ao abismo.

Deus, ao contrário, não tenta o homem, conforme atesta a Sagrada Escritura: “Ninguém, ao ser tentado, deve dizer: 'É Deus que me tenta', pois Deus não pode ser tentado pelo mal e tampouco tenta a alguém." (Tg 1,13) Isso não significa, porém, que Deus não permita que a provação aconteça. Ele tem uma outra finalidade. Ele prova os seus eleitos porque quer ver o amor e a santidade florescerem em seus amigos.

Ensina São Paulo, no famoso Hino da Caridade (ICor 13, 1-13) que se não tiver amor, nada há. O que santifica o homem é o AMOR. Portanto, não é uma questão de rezar ou não rezar, sofrer ou não sofrer, mas sim, de amar ou não amar. E querendo promover o amor, Deus permite as provações.

O exemplo de São Padre Pio é contundente. Ele tinha tentações, promovidas pelo Diabo, a fim de que ele vacilasse em sua fé e se perdesse. As provações, por sua vez, Deus as permitia para fortalecer o santo no amor.

Mas, por que Deus promove o crescimento do amor por meio do sofrimento? Por uma razão muito simples: a Cruz não é a exceção, é a regra. Não é possível seguir Jesus sem ela. “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, cada dia, e siga-me." (Lc 9, 23) Portanto, a cruz é a condição para seguir a Cristo.

Sendo assim, por que Deus quis desse modo? Porque no mundo onde reina o egoísmo e o pecado, somente pela purificação (cruz) é possível fazer florescer o amor. “ Sine sanguinis effusione non fit remissio", ou seja, sem derramamento de sangue não há redenção (Hb 9,22), pois é assim que o amor manifesta a sua verdadeira natureza. Ele é um pacto de sangue, em que se afirma “eu derramo meu sangue, mas não desisto de você".

Deus quer que o homem cresça em amor até a estatura de Cristo. Muitos cumprem com sua obrigação, realizam tudo com zelo, são bons cristãos, etc., mas são acometidos repentinamente pela vaidade e pela soberba. Acham-se melhores que os demais, pois estão “fazendo tudo certo". Nesse momento é que Deus entra para “contrariar", para começar a purificação. E como é Deus que age recebe o nome de purificação passiva.

Importante recordar que no crescimento espiritual existem três fases: 1. purgativa (iniciantes); 2. iluminativa (progredidos); 3. unitiva (perfeitos). Na passagem da primeira para a segunda fase, entra a fase da cruz. É ela que promove a purificação, pois a pessoa já fez tudo que podia sozinha e não é mais capaz de avançar espiritualmente, por isso Deus dá a oportunidade da pessoa progredir e se purificar.

Esse processo é diferente entre as pessoas de vida ativa e contemplativa. Os contemplativos são purificados por meio de aridez espiritual, ou como São João da Cruz chama de “noite escura dos sentidos". Já nos ativos essa “noite" se manifesta em provações reais: doenças, perseguições, insucesso pastoral, em que Deus permite que ocorram.

A purificação é importante, pois prepara a pessoa para Deus. E ela acontecerá ou nesta vida ou no purgatório, isso é certo. Santo Tomás ensina que a maior das penas nesta terra equivale à menor das penas no purgatório, ou seja, é melhor sofrer aqui do que no purgatório.

O sofrimento deve ser encarado como uma graça, um dom de Deus. O Padre Reginald Garrigou-Lagrange, famoso autor espiritual, ao falar sobre a santificação dos sacerdotes em sua obra “As três vias e as três conversões", cita o exemplo de um padre francês, muito bem relacionado, que foi caluniado e suspenso injustamente. Diante disso, prostrou-se ante o Cristo crucificado e O louvou, agradecendo pela oportunidade de amá-Lo.

Assim, diante da provação ou da tentação, necessário é refletir sobre o motivo pelo qual Deus está permitindo uma ou outra. E se Ele permite é porque deseja o crescimento espiritual de seus filhos, portanto, só resta ajoelhar-se diante Dele e repetir, como o padre francês: “Meu Deus, que oportunidade maravilhosa de vos amar!"

Padre Paulo Ricardo