terça-feira, 29 de setembro de 2015

VENHA O TEU ANJO



Venha o teu Anjo tocar o peso da nossa vida
e descobrir neste cerco o que ainda não vemos:
a beleza completamente acesa

Venha o teu Anjo dizer-nos que é possível
uma existência respirar iluminada
por aquilo que espera

Venha o teu Anjo convencer-nos
que é da esperança que nos vem o fogo,
e que em cada um dos nossos instantes
o eterno pode habitar

Venha o teu Anjo aproximar em nós
o barro da estrela
o coração adiado da sua órbita viva
o meu pão do pão de todos
a alegria voltada para fora
da alegria voltada para dentro

José Tolentino Mendonça

AQUELE QUE VIVE NO AMOR



Aquele que vive no amor,
mesmo tendo poucas coisas,
vive na abundância.

Amado, é livre.
Por isso, não teme.
E, não temendo, não precisa de acumular coisas,
nem de fingir ser o que não é,
nem de recear o amanhã.
Não se incha, querendo ser o que não é.
Não se diminui, deixando de ser o que é.
Esvaziado de «coisas incertas», vive de graça.
Na verdade, vive a graça.

Pe. José Frazão Correia

Oração para a noite



Meu Deus,
neste início da noite,
rogo-Vos por todos aqueles que estão na prisão,
por todos os idosos,
por todos aqueles que estão sós, doentes, abandonados,
por todos aqueles que não aguentam mais,
por todos aqueles que estão desesperados,
por todos aqueles que esta noite vão pecar.

Eterno Pai que nos criastes,
Filho, Redentor do mundo que nos remistes,
Espírito de Amor que nos santificais,
tende piedade de nós.

E vós, Maria Imaculada,
Mãe do Redentor,
Suplicante poderosíssima,
Refúgio dos pecadores,
Consoladora dos aflitos,
Auxílio dos cristãos,
Mãe do Belo Amor,
rogai por nós.

Santos Anjos da Guarda,
disponde-nos a receber favoravelmente a graça de Deus.

domingo, 20 de setembro de 2015

Envergonhar-se perante Deus é uma graça


É verdade que nenhum de nós matou ninguém, mas tantas pequenas coisas, tantos pecados quotidianos, de todos os dias... E quando pensamos: 

‘Mas que coisa, que coração pequenino: eu fiz isto ao Senhor!’ E envergonhar-se! 

Envergonhar-se perante Deus e esta vergonha é uma graça: é a graça de ser pecador. ‘Eu sou pecador e envergonho-me perante Deus e peço perdão.’ É simples, mas é tão difícil dizer: 
Eu pequei.
(...)

O homem e a mulher misericordiosos têm um coração largo: sempre desculpam os outros e pensam nos seus pecados. Viste o que aquele fez? Mas eu já tenho que chegue com o que fiz e não me meto nisso. 
Este é o caminho da misericórdia que devemos ter. 
Mas se todos nós, todos os povos, as pessoas, as famílias, os bairros, tivessem esta atitude, quanta paz existiria no mundo, quanta paz nos nossos corações! 

Porque a misericórdia leva-nos à paz. Recordai-vos sempre: Quem sou eu para julgar? Envergonhar-se e alargar o coração. Que o Senhor nos dê esta graça.


Papa Francisco - Excertos homilia de 17.03.2014 na Casa de Santa Marta

sábado, 5 de setembro de 2015

“Um mundo sem Cruz seria um mundo sem esperança”



A Cruz fala a todos os que sofrem – oprimidos, doentes, pobres, marginalizados, vítimas da violência - e assegura-lhes a esperança de que Deus pode transformar o seu sofrimento em alegria, o isolamento em comunhão, a morte em vida. A Cruz oferece uma esperança ilimitada ao nosso mundo decaído. É por isso que o mundo precisa da Cruz.


A Cruz não é um símbolo privado de devoção, não é um distintivo de sócio de um grupo qualquer. No seu significado mais profundo, não tem nada que ver com a imposição pela força de um credo ou de uma filosofia.


A Cruz fala de esperança, fala de amor, fala da vitória da não violência sobre a opressão; fala de Deus que eleva os humildes, dá força aos impotentes, faz superar as divisões, vencer o ódio com o amor.


Um mundo sem Cruz seria um mundo sem esperança, um mundo em que a tortura e a brutalidade permaneceriam desenfreados, o fraco seria explorado e a avidez teria a última palavra. A desumanidade do homem em relação ao homem manifestar-se-ia de modo ainda mais horrendo e não teria fim o círculo vicioso da violência. Só a Cruz põe um termo a tudo isso.


(Bento XVI na homilia da Missa celebrada em Nicósia em 05.06.2012)

Publicada por SpeDeus

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A viagem da esperança


Senhor,
morres na praia,
na indiferença dos homens,
que têm o amor na boca,
mas não lhes chega,
ao coração.

Senhor,
morres ali,
naquelas ondas do mar,
onde nos enviaste a pescar,
o próximo,
nosso irmão.

Senhor,
morres na cruz,
do egoísmo da humanidade,
a cruz de cada pessoa,
quer Te conheça,
ou não,
como o Cristo,
Jesus.

Senhor,
abres o teu Coração,
a cada um,
dos que morrem sem sentido,
na viagem da mudança,
que se faz eterna esperança
na tua Ressurreição.


Joaquim Mexia Alves
http:/spedeus.blogspot.com.br

A Palavra de Deus em oito passos


O mês de setembro é dedicado à Palavra de Deus. Já fizemos grandes progressos em relação à Palavra, mas, o analfabetismo bíblico ainda é grande entre nós. Tudo foi escrito para que tenhamos esperança e consolação.
É preciso, pois, pegar o livro, comê-lo, ruminá-lo. Lembremos o que dizia Paulo Apóstolo: eu sofro e faço tudo pelo Evangelho, por isso estou na cadeia como um malfeitor. Lembrava, porém, que a Palavra de Deus não se deixa acorrentar.

Nossa experiência com a Palavra tem oito passos. Antes de sermos anunciadores precisamos ouvir, compreender, internalizar e praticar a Palavra. Para que se respeite esta “lógica da experiência” com as Sagradas Escrituras vejamos os oito passos a serem percorridos e vividos.

Primeiro passo: “ouvintes da Palavra”. Ouvir com o coração. Para ouvir é preciso silenciar, dar tempo, acolher a Deus que fala e se comunica na Palavra. Ouvir não é apenas dar ouvidos, mas, deixar a Palavra ressoar, ecoar, transpassar o coração.

Segundo passo: “amigos da Palavra”. Deus fala conosco como os amigos. A Bíblia é uma carta de amor, de amizade, de aliança. Para os amigos nós dedicamos tempo e fazemos de tudo para manter amizade. Quem é amigo da Palavra irá frequentá-la sempre e vibrar de alegria, por este encontro de amizade.

Terceiro passo: “familiares da Palavra”. Ter familiaridade com as Escrituras consiste em tê-las nas mãos, no coração e na missão. A Palavra nos regenera, recria e refaz. Quanto mais lemos, meditamos, estudamos tanto mais nos familiarizamos com a Bíblia. Somos consortes da Palavra.

Quarto passo: “praticantes da Palavra”. Nossos gestos e ações falam mais que nossas pregações. Jesus chama de feliz quem ouve a Palavra e a pratica. Ainda mais, por em prática o que ouvimos e pregamos equivale a construir nossa casa sobre a rocha. Não podemos ter um discurso espiritual e uma vida carnal.

Quinto passo: “discípulos da Palavra”. Neste estágio a Palavra se faz carne em nós. Ele está sempre no princípio de tudo. No princípio do dia, no principio das reuniões, da catequese, da celebração dos sacramentos. Assim, acontece a animação bíblica de toda a vida e pastoral da Igreja.

Sexto passo: “servidores da Palavra”. Não devemos ser donos, patrões, senhores, dominadores da Palavra. Muito menos falsificadores, demagogos, tagarelas. É um verdadeiro “mundanismo espiritual” servir-se da Palavra para nossos interesses próprios. Nada devemos tirar ou acrescentar às Sagradas Escrituras. Não se pode manipular o povo com a Bíblia.

Sétimo passo: “mártires da Palavra”. Sofrer e morrer pela Palavra é um ato de fé e de amor. Estevão, João Batista, Paulo, Tiago, Pedro, enfim, todos os apóstolos foram mártires da Palavra. Assim também aconteceu com os missionários, os santos, religiosos, religiosas, leigos e leigas. Ser mártir, morrer pela Palavra significa internalizar e testemunhar e sofrer pela Palavra. Na boca ela é doce, mas se torna amarga no coração, isto é, a Palavra é exigente, purificadora.

Oitavo passo: “consagrados à pregação da Palavra”. Jesus rezou: “Que eles sejam consagrados pela verdade” (Jo 17, 19). A Palavra é a verdade. Paulo Apóstolo recomenda a Timóteo: “cumpre a missão de pregador do Evangelho, consagra-te ao teu ministério” (II Tm 4,5). Consagrados pela Palavra, consagramos-nos em anunciá-la.

Por fim, precisamos permanecer na Palavra, pois ela é inesgotável, não envelhece, não passa. Permanecer na Palavra significa muitas coisas, como por exemplo, realizar lectio divina diariamente, os conhecimentos bíblicos, não trocar a Palavra pelo devocionalismo, memorizar um texto bíblico no cotidiano, etc. 
A Igreja sempre venerou as Divinas Escrituras da mesma forma como o corpo do Senhor. 

Que a Palavra não caia no chão, possa tinir em nossos ouvidos, descer ao coração e subir para nossos lábios.


D. Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina