sábado, 20 de fevereiro de 2016

AS "CRUZES DA VIDA" E A VIDA DA CRUZ...


“Senhor Padre. Sou cristão, mas não me faltam problemas nem perseguições, até pelo simples facto de eu tentar ser coerente com a minha fé. O que é que se está a passar de errado comigo? Pelo facto de sermos cristãos a vida não devia de se tornar mais fácil e mais pacífica?”.

Caríssimo,

Em primeiro lugar, a vida não é fácil para ninguém: é sempre um grande desafio! E isso, em princípio, não tira beleza nenhuma à vida, nem nos pode fazer perder o entusiasmo.

Tu agora és cristão. És parte deste corpo que é a Igreja. E a Igreja, que está intimamente e realmente unida a Cristo (dizemos que é o Corpo Místico de Cristo), só pode esperar para si um destino igual ao destino da Cabeça da qual é Corpo. Por isso, espelhando e refletindo na nossa vida a própria vida de Jesus, a sua entrega, e certamente também alguma coisa da sua Paixão e Morte, está-nos também garantido o dom da sua ressurreição... o dom de uma vida que nada nem ninguém nos pode tirar. 
De facto esta nossa vida é ainda apenas uma sombra do que é verdadeiramente a Vida! 
Para além disso, não nos faltam as ajudadas (as graças) especialmente por meio dos sacramentos, para vivermos realmente a nossa vida em Cristo... ao modo de Jesus.

A nossa vida não é uma sucessão de derrotas e de vitórias... até à derrota final. Nós, pela profunda confiança que temos em Jesus (a confiança é o outro nome da fé), podemos viver e afrontar com fé e esperança, mesmo as dificuldades e cruzes da nossa vida, porque sabemos que, em Jesus, a nossa vida tem Sentido! Jesus libertou-nos da aparente escravidão do mal e do absurdo... libertou-nos de uma vida que desemboca no não-sentido. A nossa vida tem Sentido! Pode haver motivo maior de alegria e de esperança?

E porque é que temos nós esta profunda confiança em Jesus? Porque O vimos com os nossos olhos, tocámo-Lo com as nossas mãos, comemos com Ele, fomos por Ele curados... perdoados... ensinados. Ele abriu-nos os olhos, a inteligência e o coração!

Vimo-Lo fazer milagres incríveis, seguimo-Lo no meio de multidões incontáveis, sedentas de esperança e de amor... ávidas de poder encontrar um sentido para a vida.

Vimo-Lo, finalmente, ser traído... vimos a confiança com que se entregou sem resistência. Vimo-Lo humilhado... açoitado, coroado de espinhos... Vimo-Lo morrer crucificado e praticamente abandonado sobre o Calvário, e ficámos desesperados porque, afinal, parecia que tudo o que Jesus tinha dito e feito não passava de um bluff....

Mas, quando já pensávamos “abandonar o barco”, Ele apareceu-nos VIVO! Glorioso, resplandecente de luz... E não era apenas uma “visão espiritual”, uma energia... um fantasma: chegou mesmo a comer connosco! Deu-nos o dom do seu próprio Espírito, e ouvimo-Lo prometer-nos a mesma vida em cheio que nós víamos n’Ele e que n’Ele era tão evidente!

Depois de tudo isto, percebemos ainda melhor porque é que quando Ele curava alguém, dizia sempre no fim: “a tua fé te salvou!”. É este também o teu caminho. Confia totalmente n’Ele, e fica em paz, porque não te enganarás no caminho...

Pe. Fernando António, SJ
Publicada por Spe Deus

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

O céu é testemunha


O homem que aceita caminhar ou não nos mandamentos do Senhor Deus tem como escolha a vida e a felicidade; a morte e a desgraça. 

A escolha que fizermos nos levará a viver a bênção ou a maldição. 

Assim sendo, nós temos o mapa para descobrir o caminho da vida e da felicidade. 

A nossa própria vida se constitui uma prova da veracidade do que a Palavra nos afirma, por isso, somos testemunhas disso: na medida em que caminharmos com Deus e que seguirmos a lei do amor, apesar das dificuldades, nós teremos paz e esperança. 
Do contrário, sofreremos desespero, angústia e aflição. 

A proposta do Senhor para nós é que O amemos e provemos isto, seguindo os Seus caminhos e guardando as Suas leis e os Seus decretos. 
E a recompensa que teremos é uma descendência numerosa e a Sua bênção durante o tempo em que caminhamos aqui na terra. 

Porém, o Senhor também nos adverte: “Não vivereis muito tempo na terra onde ides entrar”, significando isto que a nossa vida aqui na terra é passageira e que o tempo em que nós vivemos é o momento ideal para aceitarmos a Sua proposta. 

A hora é esta! É pegar ou largar! 

O céu é testemunha da Palavra de Deus, e é para lá que caminhamos, portanto não podemos nos isentar nem ficar de fora. 

 - Como está a sua vida, seus sentimentos? 
- Você tem paz ou aflição no coração? 
- O que está lhe faltando? 
– Você tem vivido na bênção ou na maldição? 
- Você, tem certeza que já fez a opção certa?

Um novo caminho

sábado, 6 de fevereiro de 2016

O DESAFIO DO CRISTÃO


Avançar, aventurar-se em “águas mais profundas” é o provocante desafio de Cristo a Pedro, como também a todos os apóstolos e a todos os seguidores de Jesus de ontem e de hoje. 

Pois é justamente lá, nas águas mais profundas, que nadam os peixes graúdos e a pescaria está garantida.

Acreditamos que tal desafio jamais caiu tão oportunamente para nós como neste tempo. 

Pois chegou a hora de levarmos a palavra de Deus também aos lugares mais desafiadores, como parlamentos, universidades e templos do rei dinheiro.

Em outros termos, chegou a hora de evangelizar a política para que favoreça o bem comum; evangelizar a cultura para que promova a dignidade; evangelizar a riqueza para que seja partilhada.

Sabemos que isso, de um lado, pode ser visto como sonho ingênuo. 

De outro lado, pode ser interpretado como gesto temerário: gesto de alguém querendo cutucar o leão com vara curta.

Mas é que, querendo ou não, temos de admitir que não basta mais evangelizar apenas o que já está evangelizado, semear só lá onde a semente já foi jogada, proclamar a palavra de Deus tão somente lá onde ela já é conhecida de cor (o papa Francisco insistentemente nos convoca a ser “Igreja em saída”).

Temos de nos aventurar nas águas mais profundas “nunca dantes navegadas”, onde têm origem os pilares da sociedade: política, cultura e riqueza; fazer que elas percam sua conotação de dominadoras e opressoras dos cidadãos e adquiram o sabor evangélico do serviço, da partilha fraterna e da promoção humana.

Que o desafio a nós lançado por Cristo é difícil ninguém pode negar. 

Bem que ele mesmo poderia abrir uma brecha naquelas portas sempre fechadas, se não fosse o fato de que não costuma arrombar portas: prefere que lhe abram do lado de dentro. 

Quer dizer que cabe a nós criar coragem e desafiar as águas profundas onde a riqueza mora. E fazer que ela adquira um semblante mais humano.

Pe. Virgílio, ssp