sábado, 6 de fevereiro de 2016

O DESAFIO DO CRISTÃO


Avançar, aventurar-se em “águas mais profundas” é o provocante desafio de Cristo a Pedro, como também a todos os apóstolos e a todos os seguidores de Jesus de ontem e de hoje. 

Pois é justamente lá, nas águas mais profundas, que nadam os peixes graúdos e a pescaria está garantida.

Acreditamos que tal desafio jamais caiu tão oportunamente para nós como neste tempo. 

Pois chegou a hora de levarmos a palavra de Deus também aos lugares mais desafiadores, como parlamentos, universidades e templos do rei dinheiro.

Em outros termos, chegou a hora de evangelizar a política para que favoreça o bem comum; evangelizar a cultura para que promova a dignidade; evangelizar a riqueza para que seja partilhada.

Sabemos que isso, de um lado, pode ser visto como sonho ingênuo. 

De outro lado, pode ser interpretado como gesto temerário: gesto de alguém querendo cutucar o leão com vara curta.

Mas é que, querendo ou não, temos de admitir que não basta mais evangelizar apenas o que já está evangelizado, semear só lá onde a semente já foi jogada, proclamar a palavra de Deus tão somente lá onde ela já é conhecida de cor (o papa Francisco insistentemente nos convoca a ser “Igreja em saída”).

Temos de nos aventurar nas águas mais profundas “nunca dantes navegadas”, onde têm origem os pilares da sociedade: política, cultura e riqueza; fazer que elas percam sua conotação de dominadoras e opressoras dos cidadãos e adquiram o sabor evangélico do serviço, da partilha fraterna e da promoção humana.

Que o desafio a nós lançado por Cristo é difícil ninguém pode negar. 

Bem que ele mesmo poderia abrir uma brecha naquelas portas sempre fechadas, se não fosse o fato de que não costuma arrombar portas: prefere que lhe abram do lado de dentro. 

Quer dizer que cabe a nós criar coragem e desafiar as águas profundas onde a riqueza mora. E fazer que ela adquira um semblante mais humano.

Pe. Virgílio, ssp

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