quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Oração para pedir a Deus a luz do entendimento



Iluminai-me, interiormente, oh, bom Jesus! 
Fazei brilhar vossa luz em meu coração e dissipai todas as trevas que o escurecem. 
Refreai as divagações de meu espírito e quebrantai as tentações violentas que me combatem.

Pelejai fortemente por mim, e afugentai essas feras péssimas, esses apetites que nos lisonjeiam para perder-nos, a fim de que a minha alma consiga a paz pelo vosso esforço, e venha a ser um templo puro, onde se entoam à vossa glória perenes louvores.

Mandai aos ventos e às tempestades; dizei ao mar: “Sossega-te; ao vento: não sopres; e haverá grande bonança” (Mc 4,39).

Enviai vossa luz e vossa verdade para que resplandeçam em minha alma, porque sou uma terra estéril e tenebrosa até que vós me ilumineis.

O dom do Entendimento ou Inteligência

Derramai sobre mim as graças do céu; regai meu coração com orvalho celestial; chovam sobre esta terra árida as fecundas águas da piedade, para que produza frutos bons e saudáveis.

Levantai-nos o ânimo oprimido com o peso dos pecados; transportai todos os maus desejos ao céu, para que, gostando a doçura dos bens eternos não possa em desgosto pensar nas coisas da terra.

Arrebatai-me, desprendei-me das fugitivas consolações das criaturas, porque nenhuma coisa criada pode aquietar e satisfazer plenamente meu coração.

Uni-me a vós pelo vínculo indissolúvel do vosso amor: porque vós só bastais a quem vos ama, e sem vós tudo é sombra e fumo.

Trecho retirado do livro: Imitação de Cristo
http://cleofas.com.br/

Reconciliação com a irmã morte


“Na celebração do Dia de Finados temos uma oportunidade de refletir sobre o viver, o morrer e o sobreviver.

A morte como experiência. 
Desde a fecundação já estamos caminhando para a morte. Cada minuto é um instante pleno de vida e também caminho para a morte. Morrer é uma dimensão natural da vida, é um fenômeno universal. Só não morrem as flores de plástico”. (Dom Orlando)

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Em novembro, lembramos, com saudade e esperança, os que partiram antes de nós, para o grande e eterno abraço do Pai. Pessoas queridas, familiares... pessoas que, junto de Deus, continuam a nos amar e a cuidar de nós. Diante da “morte”, que é para todos, pensamos mais na vida. (Ir. Zuleides)



Na celebração do Dia de Finados temos uma oportunidade de refletir sobre o viver, o morrer e o sobreviver.

1. A morte como experiência. Desde a fecundação já estamos caminhando para a morte. Cada minuto é um instante pleno de vida e também caminho para a morte. Morrer é uma dimensão natural da vida, é um fenômeno universal. Só não morrem as flores de plástico. Viver fazendo o bem é o caminho certo para se morrer bem. Portanto, a morte é uma experiência inevitável. Só temos uma saída: reconciliarmos com nossa natureza mortal e viver com alegria, com menos medo emais realismo.

2. A morte como páscoa. Sabemos que páscoa quer dizer passagem. Assim, a irmã morte é uma passagem, uma condição, uma porta, um parto para a vida plena, feliz, gloriosa. Então, o fim é também um início. A vida não é tirada, é transformada. Isto significa que a vida não é só biologia, não é só corporeidade.

3. A morte como epifania. A palavra epifania significa manifestação, aparição, presença. A hora da morte é luminosa, porque é um encontro face a face com Aquele que nos ama e nos espera de braços abertos.É a epifania de Deus. É também manifestação da felicidade, da luz, da paz e encontro com todos os redimidos. Portanto, é epifania da vida divina, da compreensão dos mistérios da fé, de toda a nossa existência, nossas obras, nossas histórias, nossa missão.

4. A morte como purificação. Por ser uma experiência de plenitude e liberdade, na morte temos oportunidade para a opção final, a conversão, o arrependimento, o perdão. Deus quer que o pecador se converta e viva. Em cada Ave Maria pedimos a intercessão da mãe de Deus na hora da morte. O último momento pode mudar tudo. Morrer é a última esperança e hora de nossa glorificação. A possibilidade de salvação é infinita.

5. A morte como momento totalizador. Nosso corpo mortal, ressuscita incorruptível, glorioso, espiritualizado. Livres do corpo, do espaço e do tempo, temos plena posse do passado, do presente e do futuro. Tudo é claridade, síntese, posse da vida. É uma ato supremo, com plena consciência de nós mesmos diante da luz do amor misericordioso do Pai. Chegamos na pátria definitiva, estamos em casa, na claridade, na plenitude, na visão, é hora de decisão definitiva, hora da graça final.

6. A morte como encontro. Sim, encontro com a Santíssima Trindade, com Maria, com os anjos, com os santos, com os redimidos, conosco mesmos. Encontro com todas as criaturas redimidas. É a festa do céu que nunca se acaba. São as núpcias do Cordeiro. É a posse do reino, onde os justos brilharão como estrelas.

7. A morte como escola. A certeza da norte é uma escola que nos ensina a estarmos sempre preparados, sóbrios, vigilantes. Aprendemos a livrar-nos das ilusões, enganos, pecados e a sermos alegres na esperança, perseverantes na oração, fortes nas provações, pacientes na tribulação. Aprendendo a viver bem, aprendemos a morrer bem.

Nascemos para ressuscitar. Fomos criados para participar da vida plena, feliz, luminosa de Deus. Construímos nosso céu com as boas obras que fazemos com amor. Por isso seremos coroados na eternidade como atesta o Apóstolo Paulo. Reinaremos com Jesus, Eis a esperança da glória. Corações ao alto.

Vinde benditos, diz Jesus, tomai posse do reino, da festa do Cordeiro, entrai na mansão, na casa do Pai, participai da comunhão dos santos. A morte já foi vencida. Nosso corpo será glorioso, incorruptível, espiritual, iluminado.

Reafirmemos nossa fé rezando: 

“Creio na ressurreição da carne, creio na vida eterna”. Deus nos espera de braços abertos. Seremos envolvidos na sua luz beatífica. Olho algum viu, ouvido algum ouviu, coração algum sentiu o que Deus preparou para os que o amam. Viveremos na felicidade, na luz e na paz e veremos Jesus, tal qual Ele é. 
Eis nossa súplica: transformai Senhor nosso pranto em festa, nossa saudade em esperança, nossa solidão em comunhão, nossas perguntas em certezas. 
Ao Senhor seja dada toda a glória, louvor, honra, sabedoria, ação de graças, para sempre. Amém.


D. Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

A oculta maravilha da vida interior


Até agora não tinhas compreendido a mensagem que nós, os cristãos, trazemos aos outros homens: a oculta maravilha da vida interior. 

Que mundo novo lhes estás pondo diante dos olhos!

Quantas coisas novas descobriste! No entanto, às vezes és um ingênuo, e pensas que já viste tudo, que já sabes tudo... 
Depois, tocas com as tuas mãos a riqueza única e insondável dos tesouros do Senhor, que sempre te mostrará "coisas novas" se tu responderes com amor e delicadeza; e então compreendes que estás no princípio do caminho, porque a santidade consiste na identificação com Deus, com este nosso Deus, que é infinito, inesgotável!

Deixemos de enganar-nos: Deus não é uma sombra, um ser longínquo, que nos cria e depois nos abandona; não é um amo que vai e depois não volta. 

Ainda que não o percebamos com os nossos sentidos, a sua existência é muito mais verdadeira que a de todas as realidades que tocamos e vemos.

Deus está aqui connosco, presente, vivo! Vê-nos, ouve-nos, dirige-nos, e contempla as nossas menores ações, as nossas intenções mais ocultas.

Acreditamos nisto... mas vivemos como se Deus não existisse! 

Porque não temos para Ele um pensamento sequer, nem uma palavra; 
porque não Lhe obedecemos, nem procuramos dominar as nossas paixões; 
porque não Lhe manifestamos amor, nem O desagravamos...

Havemos de continuar a viver com uma fé morta?

São Josemaría Escrivá

domingo, 11 de outubro de 2015

Consagração a Nossa Senhora Aparecida


Ó Maria Santíssima, que em vossa querida imagem de Aparecida espalhais inúmeros benefícios sobre todo o Brasil, eu, cheio do desejo de participar dos benefícios de vossa misericórdia, prostrado a vossos pés consagro-vos meu entendimento, para que sempre pense no amor que mereceis.

Consagro-vos minha língua, para que sempre vos louve e propague vossa devoção.Consagro-vos meu coração, para que, depois de Deus, vos ame sobre todas as coisas.

Recebei-me, ó Rainha incomparável, no ditoso número de vossos filhos e filhas.

Acolhei-me debaixo de vossa proteção. 
Socorrei-me em todas as minhas necessidades espirituais e temporais e, sobretudo, na hora de minha morte. 
Abençoai-me, ó Mãe Celestial, e com vossa poderosa intercessão fortalecei-me em minha fraqueza, a fim de que, servindo-vos fielmente nesta vida, possa louvar-vos, amar-vos e dar-vos graças no céu, por toda a eternidade.

Assim seja!

sábado, 3 de outubro de 2015

ENCONTRAR A ALEGRIA


Jesus revela-nos o amor de Deus para que a sua alegria seja a nossa e para que a nossa alegria seja completa. 

A alegria é a experiência de saber que somos amados incondicionalmente e que nada - doenças, falhanços, quebras emocionais, opressão, guerras ou mesmo a morte - pode privar-nos desse amor.

(...)

É frequente descobrirmos a alegria no meio da tristeza. 

Eu recordo os tempos mais tristes da minha vida como sendo oportunidades em que tomei maior consciência de alguma realidade espiritual muito maior que eu próprio, uma realidade que me permitiu viver a dor com esperança. 
Atrevo-me mesmo a dizer: 

«A minha angústia foi precisamente o lugar onde encontrei a alegria». 

Seja como for, nada acontece automaticamente na vida espiritual. 

A alegria não é algo que acontece assim sem mais nem menos. Temos de escolher a alegria e continuar a escolhê-la todos os dias. 

É uma escolha baseada no conhecimento de que encontramos em Deus o nosso refúgio e segurança e de que nada, nem sequer a morte, nos pode separar de Deus.» 

Henri Nouwen

O PESO DO JULGAMENTO


Imaginemos que não temos nenhuma necessidade de julgar ninguém.
Imaginemos que não temos nenhuma vontade de decidir se alguém é boa ou má pessoa. 
Imaginemos que somos completamente livres de sentir e ajuizar sobre o tipo de comportamento, seja de quem for. 
Imaginemos-nos com a capacidade para dizer: «Não vou julgar ninguém!»

Imaginemos - não seria isto uma autêntica liberdade interior? 
Os Padres do deserto do século IV diziam: «Julgar os outros é um fardo pesado.» 

Eu tive alguns momentos na vida em que me senti livre da necessidade de fazer qualquer juízo de valor acerca dos outros. Senti que me tinha sido tirado um peso dos ombros. 

Nesses momentos, experimentei um amor imenso por todos os que encontrei, por todos aqueles de quem ouvi algumas coisas e, sobretudo, por aqueles dos quais li algumas coisas. 

Uma solidariedade profunda com todos os povos e um profundo desejo de os amar desceram as paredes do meu íntimo e tornaram o meu coração grande como o universo.

Um desses momentos ocorreu depois duma passagem de sete meses por um mosteiro de Trapistas. Vivia tão inundado da bondade de Deus que via essa bondade onde quer que fosse, mesmo atrás das fachadas de violência, destruição e crime. 
Tive que me coibir de abraçar as mulheres e homens que me venderam gêneros alimentícios, flores e um fato novo. 
É que todos me pareciam santos!

Todos podemos desfrutar destes momentos se estivermos atentos ao movimento do Espírito de Deus dentro de nós. 
São como amostras do céu, de beleza e de paz. 

É fácil descartar estes momentos como produto dos nosso sonhos ou da nossa imaginação poética. Mas, quando optamos por pedi-los como uma forma de Deus nos dar umas pancadinhas no ombro e de nos mostrar a verdade mais profunda da existência, gradualmente somos capazes de ultrapassar a necessidade de julgar os outros e a inclinação para ajuizar acerca de tudo e de todos. 
Então, poderemos crescer rumo a uma verdadeira liberdade interior e a uma verdadeira santidade.

Mas, só poderemos pôr de lado o fardo pesado de julgar os outros quando não nos importamos de suportar o ligeiro peso de ser julgados!

Henri Nouwen

SOBRE O SOFRIMENTO

Uma história de S. Francisco de Sales contada por François Varillon, s.j. :



"Um cirurgião vê-se obrigado a operar a sua própria filha. Em geral, os médicos não gostam de operar as pessoas da sua família, como os obstetras também não gostam de cuidar do parto de suas mulheres.

Naquele tempo não havia calmantes nem anestesias. O cirurgião teve de cortar com o bisturi a carne da filha, a quem seguravam os braços e as pernas. Ela grita. Mas de repente os seus olhos encontram os olhos do pai, e vê que nesses olhos só há amor.

S. Francisco de Sales acrescenta: a filha já não pode desprender os olhos de seu pai: e enquanto assim fizer, suporta a situação. Não diz que ela deixa de sofrer. 

O sofrimento é sempre sofrimento. Mas basta-lhe ver toda a ternura, todo o amor que há nos olhos do Pai, para poder aguentar."

(François Varillon s.j. , em "Viver o Evangelho")