sábado, 9 de novembro de 2013

A misericórdia divina

“Não há pecado ou crime que possa eliminar um homem do coração de Deus”.


Comentando a conversão de Zaqueu, o Pontífice recorda que este trecho narrado no Evangelho de Lucas resume em si o sentido de toda a vida de Jesus, ou seja, procurar e salvar as ovelhas perdidas.

Zaqueu é uma delas. É desprezado porque é o chefe dos publicanos da cidade de Jericó, amigo dos odiados invasores romanos. É ladrão e explorador.

Impedido de se aproximar de Jesus, provavelmente por causa de sua má fama, e sendo pequeno de estatura, Zaqueu sobe em cima de uma árvore para poder ver melhor o Mestre que passa.

“Este gesto exterior, um pouco engraçado, expressa porém o ato interior do homem que tenta elevar-se sobre a multidão para ter um contacto com Jesus”, explicou o Papa.

O próprio Zaqueu não sabe o sentido profundo do seu gesto; nem mesmo ousa esperar que possa ser superada a distância que o separa do Senhor; se resigna a vê-lo somente de passagem.

Mas Jesus, quando passa perto desta árvore, chama-o pelo nome: «Zaqueu, desça da árvore porque hoje quero jantar na sua casa» (Lc 19,5). Zaqueu, aliás, é um nome significativo, pois quer dizer “Deus lembra”.

Já naquela época, comenta o Pontífice, existiam os “fofoqueiros”, pois este gesto de Jesus suscitou as críticas de toda a população de Jericó:
“Mas como? Com todas as pessoas boas que existem na cidade, escolhe justamente um publicano? 
Sim, porque ele estava perdido; e Jesus diz: 
«Hoje a salvação entrou nesta casa, porque ele também é filho de Abraão» (Lc 19,9).

Não existe profissão ou condição social, não há pecado ou crime de qualquer gênero que possa eliminar da memória e do coração de Deus um só filho sequer. 
“Deus recorda”, não esquece nenhum daqueles que criou; Ele é Pai, sempre à espera de ver com atenção e com amor que renasça no coração do filho o desejo de regressar à casa. 
E quando reconhece este desejo, mesmo que simplesmente manifestado, imediatamente põe-se a seu lado, e com o seu perdão lhe torna mais leve o caminho da conversão e do regresso.

O gesto de Zaqueu, disse ainda o Papa, é um gesto de salvação. 
“Se há um peso na consciência ou algo do qual se envergonhar, não se preocupem. 
Subam à árvore ‘da vontade de ser perdoado’. 
Eu garanto que não se desiludirão. Jesus é misericordioso e jamais se cansa de perdoar.”

Papa Francisco concluiu pedindo que cada um de nós ouça a voz de Jesus que nos diz: “Hoje quero passar na sua casa”, ou seja, na nossa vida.

Ele pode nos mudar, pode transformar o nosso coração de pedra em coração de carne, pode nos libertar do egoísmo e fazer da nossa vida um dom de amor.

Papa Francisco / Spe Deus


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