sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Oração do abandono


Em Tuas mãos, ó Deus, eu me abandono. 
Vira e revira esta argila, como o barro na mão do oleiro. 
Dá-me forma e depois, se quiseres, esmigalha-me...

Manda, ordena. “Que queres que eu faça? Que queres que eu faça?”

Elogiado e humilhado, perseguido, incompreendido e caluniado, consolado, sofredor, inútil para tudo, não me resta senão dizer a exemplo de Tua mãe: “Faça-se em mim segundo a Tua Palavra”.

Dá-me o amor por excelência, o amor da Cruz; não o da cruz heroica que poderia nutrir o amor-próprio; 
mas o da cruz vulgar, que carrego com repugnância, 
daquela que ser encontra cada dia na contradição, 
no esquecimento, 
no insucesso, 
nos falsos juízos, 
na frieza, 
nas recusas 
e nos desprezos dos outros, 
no mal-estar e 
nos defeitos do corpo, 
nas trevas da mente e 
na aridez, 
no silêncio do coração. 

Então somente Tu saberás que Te amo, embora eu mesmo nada saiba. Mas isto basta.

(Oração escrita de próprio punho e recitada diariamente por Robert Kennedy. Foi encontrada no bolso do seu paletó por ocasião do seu assassinato)

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