terça-feira, 20 de agosto de 2013

Oração da dúvida


Quantas dúvidas, quantas incertezas, Senhor!

Não duvido de Ti, Senhor, como também tenho uma certeza inabalável no meu coração de Tua presença em mim, nos outros e no meio de nós!

As minhas dúvidas e as minhas incertezas, residem na minha relação contigo.

Sabes, Senhor, gostaria de viver por Ti um amor puro, isento de qualquer interesse; um amor adoração, porque somente a Ti, Senhor, posso adorar.

Gostaria de rezar, mas sem o sentimento de que o faço para Te agradar.
Gostaria de rezar, mas sem Te pedir nada, por acreditar que sabes o que preciso.
Gostaria de Te seguir, “apenas” porque és Tu a vida, e não esperar outra recompensa que não seja a minha constante gratidão por me deixares seguir-Te, Senhor.
Gostaria que cada passo que dou, fosses Tu a dá-lo em mim, de modo a que o caminho que percorro, seja o caminho que me dás para caminhar.
Gostaria de Te ver em todos os que comigo se cruzam, de modo a que amasse cada um sem passado, (bom ou mau tanto me faz), mas apenas com o amor com que Tu nos amas, sempre.
Gostaria de olhar para Ti e ver-Te como Tomé, num grito que saia dentro de mim exclamando em alta voz: meu Senhor e meu Deus!
Gostaria de Te comungar e deixar que tomasses conta de mim, do meu todo, de cada gesto, de cada sentimento, que não fosse apenas um momento, mas uma continuidade, que tornasse bem real a frase de Paulo na vida que Tu me dás: «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim.»

E tão longe estou, Senhor, tão longe!

Quanto mais me aproximo de Ti, mais parece que me afasto.
Quanto mais falo contigo, mais surdo pareces à minha voz.
Quanto mais luto contra o pecado, mais pecador eu me sinto.
Quanto mais subo a escada para o Céu, mas degraus nela colocas.
Quanto mais me ajoelho e humilho, mais orgulhoso e soberbo me pareço.
Quanto mais sinto que Te amo, mais fraco e volúvel me parece o meu amor.

Pois, não é pelos meus méritos, pois não, Senhor?
Mas apenas e só por Tua graça!

Então, Senhor, continua a provar-me, coloca pedras no meu caminho, mais uns degraus na escada, dá-me mais esta sensação de que estou longe, para que eu não adormeça, e não me julgue aquilo que eu não sou.

E se num momento qualquer, eu começar a afundar no mar da vida, estende-me a mão, Senhor, e diz-me olhos nos olhos: «Homem de pouca fé, porque duvidaste?»**

Joaquim Mexia Alves

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