domingo, 22 de dezembro de 2013

Preparando o Natal em Família


Em vista do Santo Natal do Senhor, as igrejas cristãs orientam os fiéis para estreitar os vínculos de amor recíproco, vivido na família – a igreja doméstica. 
...
O verdadeiro sentido da vida reside no sentimento de pertença efetiva na família. 
A vida adquire sentido quando se busca a comunhão e a participação entre as pessoas que se querem bem, não obstante erros e fraquezas de cada um. 
A mensagem do Natal visa integrar os filhos e as filhas de Deus, ainda que estejam dispersos ou afastados. 

Nada supre o convívio de amor no seio familiar!
Por mais que as propagandas comerciais fascinem-nos ou tentem aliciar nosso apetite de consumo, ninguém substitui o calor humano, vivido no encontro entre os membros de uma família. 
Ainda que cercados de benesses materiais, nós chegamos a nos afastar dos parentes, acabando por nos dispersar. 
Nem as comunicações virtuais suprem o sentimento de afeto e de segurança, construído no dia-a-dia do convívio familiar. 
Pouco vale a correria às compras de fim de ano, na tentativa de compensar o afeto e bem-estar que somente se encontra no aconchego de um abraço sincero. 

A verdadeira felicidade não se alicerça no excesso de exterioridades que, cedo ou tarde, deixam o espírito vazio, frustrado.

Não raro sentimos decepção pela falta de motivação para que a família reúna-se. 
Um bom almoço pode ajudar, mas não podemos trocar as pessoas pelas coisas. 
Não se vai à casa de alguém por causa de comida e sim pelas pessoas a quem se quer bem. 
Essa é a lógica espiritual que nos aproxima da ceia do Senhor, a mesa da comunhão eucarística, sinal de unidade, vínculo de amor. 

Receber a comunhão não é prêmio, mas é força, é vigor, é remédio, é conforto para quem precisa se encontrar na vida, encontrar-se com os outros e se integrar numa comunidade, numa família.

Provocações, intrigas, divisões entre as pessoas, entre comunidades e povos resulta da ausência do cultivo da espiritualidade do amor partilhado. 
O medo da verdade condena-nos à escravidão do egoísmo. 
O medo de se libertar das mentiras da existência é o medo de amar de verdade! 

Somente o amor efetivo, encarnado, cultivado em momentos especiais, pode reverter o comportamento adverso, agressivo, suspeito, negativo. 
Foi exatamente isso que o Cristo veio trazer à humanidade! 
Ele se encarnou por nós e por nossa salvação da mentira, do ódio, das divisões.

Enquanto Cristo veio como luz dos povos, há gente por aí que insiste em apagar o brilho dos outros para que brilhe somente sua estrela. 

A mania de tirar vantagem sobre os outros, a excessiva preocupação com a imagem e sucesso pessoal, o despreparo para conviver em sociedade, o egoísmo, a inveja, os ciúmes, enfim, as misérias de nossas vaidades, não deixam espaço para o amor e a verdade de Deus. 

Enfrentemos as contradições da sociedade de consumo que prescinde dos valores espirituais sem agredir ou se julgar melhor que alguém. 

Aprendamos em tudo a amar e a servir pela palavra e pelo exemplo.

Por Dom Aldo Pagotto - Arcebispo da Paraíba (PB)


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